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PORQUE HOJE É SÁBADO... DE CARNAVAL \o/\o/\o/\o/


Hoje é sábado de carnaval e para quem já morou no Recife sabe direitinho o que é um SÁBADO DE CARNAVAL!!! É o Galo da Madrugada reinando lindo, imenso, democrático, absoluto, nas ruas do Recife!

“Ei pessoal, vem moçada!
Carnaval começa no Galo da Madrugada.”

Galo da Madrugada 2011


"Em 2011, o maior bloco de carnaval do planeta pega emprestado o título da canção do pernambucano Luiz Bandeira – também considerada uma das músicas que melhor representam o Recife – para fazer uma justa homenagem aos pernambucanos que, mesmo após deixarem sua terra natal, nunca abandonaram a veneração pela Veneza Brasileira e, é claro, pelo seu carnaval sem igual. Em seu 34º desfile, o Galo da Madrugada traz para as ruas, no Sábado de Zé Pereira, todo o sentimento de amor daqueles que levam o Recife no coração e, sempre que a saudade aperta, regressam para curtir o maior e melhor carnaval do planeta. Assim como expressa a canção de um dos homenageados do desfile: “Voltei, Recife / foi a saudade que me trouxe pelo braço / Quero ver novamente Vassoura na sua abafando / tomar umas e outras e cair no passo”. (Parágrafo transcrito do site do Galo http://migre.me/3YkAE)

Eu sou paraibana de nascimento, mas pernambucana de coração e por adoção, portanto, me sinto homenageada neste ano pelo Clube de Máscaras Galo da Madrugada, porque continuo amando o Recife e o seu carnaval.

Galo ainda "pintinho"
 Eu brinquei muito no Galo da Madrugada, quando ele ainda era um “pintinho” e depois já “um galo taludo”, com a multidão de mais de um milhão de pessoas a acompanhá-lo.

E eu ia para o meio do povo! Não ficava em camarote não! Ia para a saída do Galo, no Forte das Cinco Pontas e continuava com ele pela Rua da Concórdia inteira, até a Av. Guararapes. E tome banho de água que as pessoas jogavam dos prédios! E tome cerveja e batida, porque beber água, enferruja! Aquilo era bom demais!

Galo "taludo" com mais
de um milhão de seguidores
 Eu só chegava em casa lá pelas 4/5 horas da tarde. Um caco! Doida por um banho e para cair na cama e descansar, para começar tudo de novo no dia seguinte, nas ladeiras de Olinda, subindo e descendo atrás das troças e blocos e, tempos depois, no Bairro do Recife, atrás dos blocos líricos, lindos, com suas fantasias maravilhosas, relembrando os carnavais do passado.

E como não sou historiadora e sim foliã, por isso só sei muito é de pular e brincar, mostro abaixo um texto do Professor Julio Vila Nova, que conta a história dos blocos líricos de Pernambuco.

Antes, dou de presente para vocês a letra e o vídeo do frevo de bloco Valores do Passado, de Edgard Moraes, que fala nos blocos líricos de Pernambuco. No vídeo, o Coral Edgard Moraes, formado pelas filhas e netas do compositor.

Que todos tenham um ótimo carnaval!

E não esqueçam de usar camisinha!

Evoé!

Fátima Vieira




VALORES DO PASSADO

Edgard Moraes

Bloco das flores, Andaluzas, Cartomantes
Camponeses, Após Fum e o bloco Um dia Só
Os Corações Futuristas, Bobos em Folia,
Pirilampos de Tejipió
A Flor da Magnólia
Lira do Charmion, Sem Rival
Jacarandá, a Madeira da Fé
Crisântemos Se Tem Bote e
Um Dia de Carnaval
Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé
Os queridos Batutas da Boa Vista
E os Turunas de São José
Príncipe dos Príncipes brilhou
Lira da Noite também vibrou
E o Bloco da Saudade,
Assim recorda tudo o que passou.

Coral Edgard Moraes cantando Valores do Passado no Programa Ensaio da TV Cultura


BLOCOS LÍRICOS: FORÇA DO CARNAVAL DE PERNAMBUCO



Bloco das Ilusões
O crescimento das agremiações denominadas Blocos Líricos tem fortalecido ainda mais o carnaval de Pernambuco. Esses blocos, com suas orquestras de "pau-e-corda", executam a marcha-de-bloco (inspirada nos pastoris), e têm semelhança com os extintos ranchos cariocas.

Cordas e Retalhos
É lugar comum afirmar que o carnaval de Pernambuco assume uma incrível diversidade de formas, cores e sons, em manifestações distintas como os maracatus, caboclinhos, ursos, troças, escolas de samba e clubes (alguns centenários, como o Vassourinhas, de Olinda). Mas neste vasto painel, em que embriagamos os sentidos nos dias de folia, sem dúvida o que nos tem chamado mais atenção são os blocos conhecidos como Blocos Carnavalescos Mistos, que são caracterizados pela propagação da marcha-de-bloco, através das orquestras de pau-e-corda e dos coros de vozes femininas - belas fantasias e lindas pastorinhas.

Nem Sempre Lily Toca Flauta
É uma grande satisfação verificar, a cada ano, o surgimento de novos blocos, fazendo o Recife de certa forma reviver o período áureo em que as agremiações fervilhavam pelas ruas da cidade e dos subúrbios - sobretudo as décadas de 20 e 30 do século passado, época evocada por Nelson Ferreira (em Evocação nº 1, sucesso nacional de 1957).

Bloco da Saudade
 Sem contar os blocos extintos, mencionados em canções como "Valores do Passado" (Edgard Moraes), existem hoje aqueles que resistiram, e que representam o que podemos chamar de primeira geração de blocos, dignos de nossa reverência por sua história e seu rico acervo musical (Banhistas do Pina, Batutas de São José, Madeira do Rosarinho, Inocentes do Rosarinho, Pirilampos de Tejipió, Flor da Lira, Bloco do Amor, entre outros). Ainda há uma segunda geração, impulsionada talvez pelo surgimento do Bloco da Saudade (1974), formada, por exemplo, pelos Pierrots de São José, Flor da Lira de Olinda, Bloco das Ilusões, Nem Sempre Lily Toca Flauta, Bloco das Ilusões, Eu Quero Mais.

Bloco das Flores
É então que, a partir dos anos 90 do século passado, quando houve a primeira edição do Encontro de Blocos (na Av. Marquês de Olinda, bairro do Recife) começa a surgir a terceira geração dos blocos, de que fazem parte, dentre outros, o Bloco Carnavalesco Lírico Cordas e Retalhos, o Flor da Vitória-Regia, Confete e Serpentina, Alvorada dos Clarins, Cadê Mário Melo ? (de curta duração, infelizmente), Pintando o Sete, Bloco da Amizade, Aurora de Amor, Paraquedista Real e a Trupe Lírico-musical Um Bloco em Poesia (este estreante em desfile na rua, em 2002). Curioso e gratificante é notar como também em outras cidades, sobretudo na região metropolitana do Recife, os blocos estão a surgir, confirmando a força que esta manifestação do nosso carnaval tem alcançado. Assim, na cidade de Paulista temos o Sintazul; no município de Moreno o Flor do Eucalipto; e no Cabo de Santo Agostinho a Juventude Lírica do Cabo. No contexto de surgimento desta terceira geração há um destaque especial para o Bloco das Flores, o primeiro bloco de que se tem notícia no Recife, extinto há décadas e agora renascido para o carnaval.

Eu Quero Mais

Flor da Lira

Inocentes do Rosarinho
 O mais importante é observar a renovação musical que tem acompanhado o surgimento (e ressurgimento) dos blocos. Para os que ainda não conhecem, uma boa indicação é ver as orquestras executando músicas novas que vão ganhando repercussão nas apresentações (ensaios, acertos de marcha, desfiles), alcançando um público fiel, cada vez crescente, de admiradores, num trabalho lento de propagação dos novos valores, já que o esquema de incentivo à criação e à divulgação é cruel, com as rádios despejando em suas programações um pouco de tudo (grande parte de qualidade rasteira), menos a nossa boa música (excetuando-se aí a Universitária FM, dos radialistas Hugo Martins e Miriam Leite). Percebe-se também uma renovação temática nas letras das canções. Se antes o eixo principal era o saudosismo e a melancolia pelo fim do carnaval (com pequenas variantes, como as canções que relatam a rivalidade entre as agremiações, das quais um bom exemplo é "Madeira que Cupim não Rói", de CApiba), hoje podemos ouvir as letras que falam do amor, de uma forma geral, ou que exaltam a beleza do Recife, ou ainda que rendem homenagem a outros blocos.

Madeira do Rosarinho
Um Bloco em Poesia












Igualmente relevante é a preocupação que muitos dos poetas, compositores e carnavalescos ligados aos novos blocos têm demonstrado em sedimentar ainda mais o gênero musical, renovando-o para provar que a marcha-de-bloco é, assim como o chorinho, a seresta, o samba ou qualquer outra música de qualidade, para ser tocada e ouvida o ano inteiro, a qualquer tempo. Nesse esforço, merece destaque o pessoal da Trupe Lírico-Musical Um Bloco em Poesia, tendo à frente os poetas João Araújo e Heleno Ramalho, juntamente com a cantora Dalva Torres e o compositor e bandolinista Adalberto Cavalcanti, que ressaltam o aspecto fundamental do Lirismo, a própria essência dos blocos (a propósito disso, a denominação BLOCO CARNAVALESCO LÍRICO, que nos parece mais significativa do que a antiga Bloco Carnavalesco Misto, foi oficialmente adotada em 2001 pelo BCL Cordas e Retalhos). 

Pierrots de São José
O pessoal da Trupe, com um time de músicos e poetas de primeiríssima linha, abre o espaço para a poesia, na forma de recital, durante as apresentações do grupo, assim como fez o BCL Cordas e Retalhos em 2001, promovendo a 1ª Ceia Lírica, no Recife Antigo (com recital e exposição de artes plásticas). Todos nós, foliões, boêmios e amantes do carnaval-arte, vibramos pela oportunidade de apreciar essa beleza e saber que o futuro do carnaval de Pernambuco está sendo forjado pelo que há de melhor em nosso meio musical. Evoé !!


JULIO VILA NOVA

Professor / Presidente do Bloco Carnavalesco Lírico Cordas e Retalhos
E-mail: juliovilanova@ig.com.br


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